Ponto de vista
É notório, que alcançar o padrão da velhice cronológica, se ter uma boa velhice, prolongar a juventude e retardar a morte têm sido ideais permanentes do ser humano até os dias de hoje, as quais resumidamente seria um “Envelhecimento ativo e saudável”. Diante do exposto, faz-se pensar que à qualidade de vida dos idosos perpassa à renda, educação, urbanização e qualidade dos serviços de saúde, mas destaca-se de valores e atitudes sociais que contextualizam os pontos de vista dos indivíduos e do significado da velhice, assim como é contextualizada pelo grau de compromisso da sociedade com o bem-estar dos seus membros mais velhos – quando se existe (políticas públicas em todas as esferas de assistência a pessoa idosa).
Sendo assim, entende-se que o bem-estar psicológico se reflete na avaliação pessoal do indivíduo e na capacidade de adaptar-se e recuperar-se de eventos estressantes do curso de vida individual e social, tais como: desemprego, doenças, desastres, mortes em família, violência urbana, crises econômicas, guerras, e da sua capacidade para assimilar informações positivas sobre si mesmo e de tudo o que ò cerca. Mais para os idosos, quando isso se torna um desafio “assombroso” o que tornaria uma “qualidade de vida” que todos almejam na velhice?
No cenário atual, Uma boa qualidade de vida na velhice é influenciada diretamente em um contexto multifatorial de abordagem a esse público e é indicada por um período de longevidade, boa saúde física e mental, satisfação na sobrevivência, controle cognitivo, capacidade/competência social, produtividade, sexualidade, espiritualidade, eficácia cognitiva, status social, continuidade de papéis familiares e ocupacionais dentre outros elementos da história de vida pessoal que intensifica o sentido de qualidade de vida na perspectiva da longevidade.
Globalmente, assim como no Brasil, em tempos de Pandemia do COVID-19, cumpre-nos alertar para um público alvo da pandemia - AS PESSOAS IDOSAS. Podemos afirmar que a imunossenescência aumenta a vulnerabilidade às doenças infectocontagiosas e os prognósticos para aqueles com doenças crônicas são desfavoráveis. Pois, os idosos sendo os mais vulneráveis, muito pouco é dito e/ou feito em relação à abordagem, como apoiá-los e como cuidar deles de modo integral e equânime como preveem os princípios do SUS na atenção primária à saúde respectivamente evitando o isolamento social considerado como uma das síndromes geriátricas.
Neste momento, observa-se que familiares e pessoas cuidadoras de Idosos e mesmo os idosos encontram-se sem “orientações concretas” em meio a uma avalanche de informações inespecíficas e contraditórias acerca do “inimigo mortal da população mundial no referido momento” COVID-19. A pandemia do COVID-19 sendo esta uma doença respiratória aguda, por vezes grave, causada pelo novo CORONAVÍRUS (2019-Ncov ou SARS-CoV-2). O novo CORONAVÍRUS surgiu em Wuhan, na China, no final de 2019. Até então de caráter local, disseminou-se há várias partes do mundo, tornando-se uma pandemia. Há sete CORONAVÍRUS Humanos (HCoVs) conhecidos, entre eles o SARS-CoV (que causa síndrome respiratória aguda grave) e o SARS-CoV-2 (vírus que causa a doença COVID-19).
Os idosos têm-se sua vulnerabilidade pelos inúmeros fatores que afetam sua saúde física (alterações fisiológicas), estado psicológico, relações sociais, nível de independência/dependência e pelas suas relações com seu meio ambiente e sociedade, motivo este, pelo risco de desenvolver a forma mais grave da doença, sobretudo, idosos que apresentam comorbidades como: hipertensão, diabetes, doenças renais, doenças pulmonares, e outras aumentam o risco de infecção e complicações clínicas de saúde. Faz-se necessária a manutenção de boas condições de saúde dos idosos e do controle dessas doenças para o não agravamento e possível hospitalização em momentos de pandemia.
As soluções elencadas/recomendadas pelas entidades de saúde como medidas preventivas aos idosos no âmbito do cuidado primário, ressalta-se, as mesmas indicadas a todos os ciclos de vida (crianças, adolescentes e adultos) com um olhar cuidadoso nos domicílios com clareza nas orientações aos familiares e cuidadores. As recomendações de isolamento social e domiciliar seguem as orientações divulgadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo Ministério da Saúde, por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), e pela literatura científica sendo uma importante medida a reduzir o avanço do COVID-19 na população mundial, bem como na população específica aqui descrita á PESSOA IDOSA.
Neste período de isolamento social, ocorrem desafios e novas formas de se relacionar, sendo o ambiente familiar um dos desafios principalmente para “idosos ativos” (praticantes de caminhadas, esportes, grupos de convivência, dentre outros). O período de isolamento desencadeia mal-estar psicológico, fragiliza a capacidade de adaptação e reação ao confinamento social. Segundo a Organização Mundial da Saúde, no dia 20/03/2020, alertou para o cenário de pandemia, que exige cuidados em saúde mental na situação vivenciada pela COVID-19. O isolamento social pode trazer diversos problemas nos níveis individual, familiar, comunitário e social. Para alguns, o isolamento pode ser “doloroso” fragilizando a capacidade de adaptação e reação, produzindo respostas fisiológicas e emocionais que podem impactar nosso sistema imunológico e a condição de equilíbrio mental. Sendo os idosos um público alvo das principais alterações psicossociais frente a esta pandemia, caberia, um olhar multiprofissional da atenção primária à saúde (APS) a esta população que se encontra em isolamento social e domiciliar.
Aos Profissionais de Assistência Primária à saúde: APS/ESF e NASF (Atenção Primária à Saúde, Estratégia Saúde da Família e Núcleo Ampliado de Saúde da família) que estão na linha de frente a prevenção e combate ao COVID-19 necessitamos estar preparados, não assustados. Aos IDOSOS, o isolamento social tem caráter de prevenção, mas não precisa ser acompanhado de isolamento cognitivo ou funcional. O mais importante é o idoso não se sentir abandonado e triste pela redução das visitas ou contatos. Aos familiares e cuidadores mantenha a rotina dos idosos com adequações necessárias neste momento enfatizando principalmente para sua qualidade de vida – física e psicológica.
Desse modo, reforça-se a necessidade do Cuidado Gerontológico e sendo necessário e de suma relevância nesse contexto da pandemia a atuação da equipe multiprofissional e de Apoio (Médicos, Enfermeiras (os), Fisioterapeuta, Fonoaudiólogo, Psicólogo, Assistente Social, Farmacêutico, Odontólogo, Técnico de Enfermagem, Técnico de Vacina e Agente Comunitário de Saúde) enquanto profissionais integrantes das Equipes de Atenção Primária à Saúde (APS) no que se refere à promoção, prevenção e controle de agravos à saúde com foco na orientação comunitária.
Aos colaboradores Agentes Comunitários de Saúde, devem-se manter as visitas domiciliares com exclusiva prioridade aos idosos (grupo de risco e vulnerabilidade) sendo esta uma importante ferramenta para informar, fazer busca ativa de suspeitos e acompanhamento de casos, mas, para a realização desta atividade é importante considerar os cuidados de biossegurança para garantir a efetiva segurança/proteção individual do paciente (idoso) e do profissional de saúde. Ressalta-se que, neste momento as visitas domiciliares de toda a equipe multiprofissional estarão voltadas para as orientações de prevenção da pandemia do COVID-19, neste momento o profissional AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE torna-se o principal ouvinte e mediador das necessidades de “atendimento domiciliar ao idoso” à equipe multiprofissional de saúde quando se fizerem necessárias –“doenças que coloquem em risco o agravamento da saúde e até mesmo a própria vida do idoso”.
Palavras-chave: isolamento social, Covid-19, qualidade de vida dos idosos, equipe multiprofissional de saúde.