Ponto de Vista
Introdução
Segundo o conceito elaborado em 2018 pela International Association for Hospice and Palliative Care (IAHPC), cuidados paliativos se referem aos “cuidados holísticos, ativos, prestados a indivíduos de todas as idades com sofrimento intenso decorrente de doença grave, especialmente dirigidos àqueles perto do fim de vida. Têm como objetivo melhorar a qualidade de vida das pessoas doentes, das suas famílias e cuidadores.”
Dentre os princípios dos Cuidados Paliativos, destacam-se: promover o alívio da dor e outros sintomas desagradáveis; integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente; oferecer um sistema de suporte que possibilite o paciente viver tão ativamente quanto possível, até o momento da sua morte; melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso da doença (WHO, 2002) A pandemia do COVID-19 emergiu como um entrave diante dos relacionamentos interpessoais, do contato íntimo, das demonstrações táteis de afeto. O isolamento necessário para se prevenir contra um vírus com alto potencial de transmissibilidade e virulência, ainda pouco conhecido pela comunidade científica, impôs à sociedade mundial uma tarefa árdua, porém imprescindível para sua contenção - o distanciamento social. No contexto hospitalar, ainda mais severas medidas são tomadas para se evitar que outros pacientes ou profissionais se contaminem com a COVID-19. Resultado desse cenário, vivenciamos alterações em rotinas, visitas suspensas, acompanhantes em áreas de isolamento proibidos ou restritos, e paramentos protetivos que descaracterizam as pessoas a tal ponto em que todos se tornam iguais.
Pessoas que experimentam o contexto de Cuidados Paliativos e que têm preservado seu estado de consciência podem, diante de um cenário de internação hospitalar com suspeita ou confirmação de COVID19, vivenciar situações de isolamento social relacionado ao distanciamento imposto pela pandemia.
Do outro lado, por sua vez, as famílias dos pacientes em isolamento se deparam com o distanciamento físico dos entes queridos e com as diversas situações desgastantes como a espera de informações do estado de saúde do parente, ou com a ansiedade ao se receber uma ligação do hospital.
Diante destes impasses impostos por uma pandemia histórica, surgiu a necessidade de suscitar a reflexão acerca do isolamento social em pessoas em cuidados paliativos hospitalizados com suspeita ou confirmação da Covid-19, visto que o tempo dispendido durante a internação sem a possibilidade de acompanhantes ou visitantes, pode significar, para aquele paciente, uma perda de momentos em que poderia estar na presença
de seus familiares ou amigos em uma possível fase final de vida.